Ministra de Lula gastou mais de R$ 1 milhão com gráficas de fachada.

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A ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), gastou durante a sua campanha a deputada federal, nas eleições de 2022, R$ 1,092 milhão em duas gráficas, com sede no Rio de Janeiro. Entretanto, pelo menos uma das empresas não executa os serviços no endereço declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As informações foram publicadas pelo Metrópoles e confirmadas pelo site da Jovem Pan. Segundo a prestação de contas, a deputada gastou R$ 561,5 mil, o que representa cerca de 18% do total empenhado, com a Rubra Editora e Gráfica LTDA, localizada na praia de Botafogo, no edifício Mourisco. O endereço é de um escritório de coworking e utilizado para correspondência da empresa, mas não abriga a sede da gráfica. Ao todo, fora 224 depósitos para a Rubra Editora, com valores entre R$ 140 e R$ 14 mil.

A empresa foi aberta em 12 de setembro de 2013. No Instagram, com 896 seguidores e última publicação feito há 196 semanas, assim como em seu próprio site, a Rubra Editora é apresentada como uma “editora carioca focada em literatura nacional” e independente. Definição muito parecida também é usada no Facebook, onde a marca é definida como “editora de livros focada em literatura nacional, dos sócios Dênis Rubra e Mauro Siqueira”. Entretanto, uma análise em sites de busca por CNPJ mostra a entrada, em 08 de dezembro de 2021, de Filipe de Souza Pegado como sócio-administrador da empresa. Filipe Pegado é ex-servidor do município de Belford Roxo, onde Wagner dos Santos Carneio, marido de Daniela, é prefeito. Ele foi assessor do setor de contratos e convênios da Secretaria Municipal de Educação em 2021.

A segunda empresa, também atualmente sob responsabilidade de Filipe Pegado, é a Printing Midia LTDA, que recebeu R$530,7 mil durante a campanha da ministra do Turismo, o que representa pouco mais de 17% do total gasto pela deputada federal. Fundada em 22 de setembro de 2020, a empresa tem endereço de correspondência na rua Rio das Flores, no bairro no Parque Tiete, em São João de Meriti, Baixada Fluminense. Entretanto, segundo apuração do Metrópoles, no endereço funciona um frigorífico de carnes. A equipe da Jovem Pan procurou o local em ferramentas de mapeamento de endereços e imagens de 2018, quando a empresa já estava no local, mostram o frigorífico “Riofrio mais alimentos importação”, sem qualquer placa ou menção à editora. Ao todo, a Printing Midia LTDA recebeu 58 depósitos de Daniela Carneiro, com valores entre R$ 300 e R$ 28 mil, em itens identificados como adesivos. De acordo com site de busca por CNPJ, Filipe Pegado deu entrada como sócio-administrador em 9 de agosto de 2022. A Jovem Pan tentou contato com as editoras envolvidas e com a ministra do Turismo, mas não teve retorno.

Envolvimento com a milícia

O pagamento de mais de R$ 1 milhão pela campanha de Daniela para empresas de fachada é mais uma polêmica que envolve a ministra do Turismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde o início do governo. Como a Jovem Pan antecipou, a principal crise enfrentada no terceiro mandato do petista recém-empossado envolvem as denúncias de uma suposta ligação de Daniela, também conhecida como Daniela do Waguinho, com a milícia. A ministra fez campanha política, em 2018, ao lado de Juracy Alves Prudêncio, o Jura, ex-sargento da PM condenado a 22 anos de prisão pelo homicídio de um jovem de 16 anos. Segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo, na época, Jura estava preso em regime semiaberto e conseguiu autorização da Justiça para trabalhar no cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana na Prefeitura de Belford Roxo, sob a gestão de Waguinho, marido de Daniela.

Outra denúncia desfavorável a escolha de Daniella foi a de que a irmã da ministra, Djelany de Souza, teria recebido um carro como retribuição por um contrato superfaturado fechado pela Prefeitura de Belford Roxo. Apuração do site Metrópoles, que cita inquérito do Ministério Público do Rio de Janeiro, mostra que Djelany teria recebido um Toyota Corolla como um “presente” para agradar Waguinho. De acordo com a investigação, o prefeito teria forjado a licitação para favorecimento da empresa. Em troca de mensagens pelo WhatsApp, flagrada pelo jornal O Estado de S. Paulo na quarta-feira, 4, Daniela Carneiro fala sobre o assunto e atribui a fritura a “inimigos”. “Inimigos querendo me queimar, mas não irão conseguir”, escreveu a um interlocutor. 

Fonte: Jovem Pan.

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