
Brasília — Documentos revelados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS (CPMI do INSS) trazem acusações graves: o empresário Fábio Luís Lula da Silva — conhecido como “Lulinha”, filho do presidente da República — teria recebido pagamentos mensais de aproximadamente R$ 300 mil de Antônio Carlos Camilo Antunes, o chamado “Careca do INSS”, apontado como operador de um esquema de fraudes no INSS. A denúncia foi feita por um ex-funcionário de Antunes, que afirma estar sendo ameaçado.
Segundo o depoimento — enviado à CPMI e parcialmente obtido por integrantes da comissão —, além da mesada mensal, teria existido um repasse único de cerca de R$ 25 milhões para Lulinha. A moeda e o contexto exato desse valor não foram informados no relatório.
O denunciante, identificado como Edson Claro, alega que trabalhou para Antunes, mas hoje afirma estar sendo alvo de ameaças por ter fornecido informações sobre o esquema. Além dos pagamentos, o depoimento inclui relatos de que Lulinha teria realizado viagens internacionais — inclusive a Portugal — junto com o suposto operador das fraudes, o que reforçaria a proximidade entre ambos.
Reação da CPMI e blindagem
Apesar da gravidade das acusações, a CPMI do INSS votou — nesta quinta-feira (04/12) — contra a convocação de Lulinha para depor. A sessão terminou com 19 votos contrários e 12 favoráveis. A base governista, majoritária na comissão, foi decisiva para barrar o pedido.
Críticos da decisão avaliaram que a “blindagem” reforça suspeitas sobre tentativa de proteger pessoas envolvidas no esquema. A oposição chegou a afirmar que, se o filho do presidente aparece no caso, é urgente aprofundar a investigação.
Defesa e ausência de comprovação formal
Até o momento, não há provas documentais — públicas ou oficiais — que confirmem os pagamentos ou a sociedade entre Lulinha e o Careca do INSS. A alegação se baseia unicamente no depoimento de Edson Claro. A defesa de Lulinha, por meio de representantes, classificou as acusações como “absolutamente pirotécnicas e improváveis”.
A empresa atribuída a Antunes — citada nas investigações como possível canal para lavagem de dinheiro — também negou irregularidades. A suspeita gira em torno de uma sociedade ligada à venda de cannabis medicinal, mas as autoridades suspeitam que o empreendimento serviria apenas como fachada para o suposto repasse de recursos.
O que está em jogo
O caso levanta várias dúvidas e uma preocupação clara: se confirmadas, as acusações representariam não apenas um esquema de fraudes ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas também implicariam diretamente pessoas ligadas ao núcleo do Poder Executivo.
Além disso, a recusa da comissão em convocar Lulinha para prestar depoimento reforça a sensação, entre opositores e analistas, de que há obstáculos institucionais à investigação.
Agora, aliados à oposição — e parte da mídia — clamam por novas diligências, exigindo abertura de inquéritos e eventual quebra de sigilo bancário e fiscal dos envolvidos, para que se apure se há efetivamente provas que sustentem as graves acusações.
O que falta esclarecer
- Não há comprovação oficial dos pagamentos ou da sociedade entre Lulinha e o Careca do INSS — apenas o depoimento de Edson Claro.
- A CPMI rejeitou a convocação de Lulinha, o que dificulta o aprofundamento das investigações no curto prazo.
- As quantias mencionadas (mesada e repasse único) não tiveram a data, a duração ou a moeda especificadas no depoimento divulgado.
A denúncia de que o filho do presidente teria recebido mesada e repasses milionários de um suspeito de fraudes no INSS acende um alerta sobre a gravidade dos indícios levantados pela Polícia Federal e pela CPMI. Ao mesmo tempo, a falta de provas formais e a rejeição à convocação dos envolvidos comprometem a transparência do processo — levantando suspeitas sobre o rumo e profundidade da apuração.
A sociedade, por ora, acompanha atenta os próximos passos da CPMI e da PF, aguardando que sejam apresentados dados concretos que confirmem ou afastem as acusações.
Fontes: Poder360




















