As convenções do PL para as eleições municipais deste ano expuseram divergências internas e lançaram dúvidas sobre o cumprimento do objetivo da sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro: eleger ao menos mil prefeitos pelo Brasil. Em um cenário turbulento, viraram alvo de desgaste campanhas em que Bolsonaro e o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, estão em lados opostos, bem como os palanques em municípios nos quais o partido estará com aliados de esquerda, contrariando orientação nacional.
Na tentativa de fortalecer a base mais fiel, Bolsonaro tem travado ainda um duelo com o comando do partido para vetar também nomes de centro. À revelia de Valdemar, grupos de direita têm feito uma força-tarefa para denunciar neoaliados. O objetivo é fortalecer a “guerra cultural” e preservar as bandeiras do bolsonarismo. Em algumas cidades, o próprio ex-presidente procura privilegiar aqueles que estão mais alinhados aos valores que o elegeram em 2018, independentemente da filiação partidária.
Em São Luís, capital do Maranhão, uma aliança improvável entre PT e PL se consolidou, o que é considerado inadmissível por bolsonaristas. Os dois partidos vão apoiar o mesmo pré-candidato, o deputado federal Duarte Junior (PSB). A composição ocorreu à revelia de resolução baixada por Valdemar na semana passada proibindo dobradinhas com o PT.
Filho primogênito de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) nega brigas da família com Valdemar, mas ataca quadros do PL que comandam diretórios locais.
“Em Búzios, por exemplo, não poderíamos apoiar um candidato como Rafael Aguiar, que escolheu um vice já apoiado pelo PT. Para nós, isto é inadmissível e estaremos sempre fora. Mas, quando falamos do partido em todo o Brasil, é necessário entender que ainda temos diretórios do PL que são comandados por pessoas anteriores ao bolsonarismo. É o caso do Maranhão, que tem um diretório completamente desalinhado com nossos valores e permitiram essa bizarrice que é um palanque compartilhado com o PT. Não apoiaremos isto, de jeito algum”, disse Flávio ao jornal O Globo.
Além da resolução do PL que proíbe as alianças com PT-PCdoB-PV e com PSOL-Rede, a presidente do PL Mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, divulgou uma nota pedindo que casos onde esse tipo de coligação exista sejam denunciados.
Nas redes sociais, os militantes de Bolsonaro têm exercido pressão para manter distanciamento da esquerda ou de nomes de centro.
Ao Estadão, o presidente do PL do Maranhão, ex-deputado estadual Hélio Soares, afirmou que o apoio a Duarte ainda não está concretizado. Segundo ele, está previsto uma reunião com Valdemar Costa Neto na próxima quinta-feira, 15, em Brasília, para discutir a coligação com os petistas.
“Nós estamos avaliando. Vamos conversar primeiro com Valdemar direitinho para vermos as circunstâncias. Nós não queremos, de maneira nenhuma, tumultuar o processo da direita, principalmente no nosso Estado”, afirmou o presidente do PL maranhense.
Fonte: Blog do John Cutrim.