Menina de 12 anos mantida em cárcere privado em São Luís embarca de volta ao Rio de Janeiro.

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A menina de 12 anos que foi levada de Sepetiba (RJ) a São Luís (MA)e mantida em cárcere privado, já embarcou de volta à sua casa, no Rio de Janeiro. O avião saiu de São Luís na manhã desta quinta-feira (16/03). A informação é de Lindalva Leonardo, do Conselho Tutelar da região da Vila Luizão, que estava responsável pela menina desde quando ela foi encontrada, na região onde estão os bairros Divineia, Vila Luizão e Chácara Brasil, na periferia de São Luís. “A menina foi entregue bem. Ela estava com o pai e uma policial que veio pra cá pra fazer a escolta deles”, afirmou.

Lindalva disse ainda que, enquanto esteve sob os cuidados do conselho, a menina teve todo o acompanhamento e exames necessários, incluindo atendimento psicológico. “Tudo o que poderia ser feito com ela, aqui em São Luís, foi feito. Ela teve todo o suporte pelo Conselho e, em hora nenhuma, ela foi desassistida. A partir do momento que recebemos a denúncia, cuidamos dela, com o apoio da Casa da Mulher Brasileira, até o momento em que a entregamos para voltar pra casa”, concluiu.

O pai da menina, Alessandro Santana, havia embarcado em um voo na última quarta-feira (15/03) para São Luís, no Maranhão, para buscar a filha, que esteve abrigada na Casa da Mulher Brasileira – um centro de referência no atendimento a mulheres em situação de violência em São Luís.

Eduardo da Silva, de 25 anos, foi quem levou a menina do Rio de Janeiro até São Luís após pedir uma corrida por aplicativo que custou R$ 4 mil, segundo a polícia. Ao todo, foram 3,1 mil quilômetros de viagem, em pelo menos dois dias dentro do automóvel. A polícia investiga se a corrida foi combinada previamente ou contratado por aplicativo de transporte individual.

Segundo as investigações, Eduardo ficou com o celular da vítima durante o sequestro e entregou à adolescente um novo aparelho, com um aplicativo espião. O delegado Marconi Matos, que prendeu o suspeito na capital maranhense, disse nesta quinta-feira (16/03), que isso fazia parte de um plano para controlar a garota. “Ao fazer o sequestro da jovem do Rio de Janeiro para cá [Maranhão], ele entregou um celular um pouco mais caro para ela, um celular mais moderno, e ficou com o celular dela, mas essa atitude dele era justamente para tentar sempre ver com quem ela trocava mensagens. Ele tinha um controle sobre situação. Nós fechamos o perímetro e conseguimos identificar, e também com um trabalho de investigação em cada estabelecimento”, afirmou o delegado.

“A tudo o que ela falava e com quem ela falava ele tinha acesso no outro aparelho. Ela sentia aquela dificuldade em conversar”, disse o delegado. Nesse celular que ele deu a ela havia ainda uma espécie de aplicativo espião, pelo qual ele monitorava tudo o que ela fazia.

Porém, na última sexta-feira (10/03), Eduardo usou o wifi de uma loja na região da Divineia, na periferia de São Luís, para pagar roupas que tinha comprado pra ela. Nesse momento, a menina aproveitou o momento para mandar uma mensagem à irmã, pelo Instagram, o que facilitou a busca dos policiais ao local onde ela estava, na última terça-feira (14).

“Ela [a menor] aproveitou a senha para acessar o Instagram e mandar uma mensagem para a irmã, dizendo que estava numa quitinete, não sabendo explicar onde era”, afirmou a delegada Ellen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros.

Até então, a garota era procurada desde o dia 6. A menina foi levada ao Conselho Tutelar assim que foi encontrada, e o suspeito, que trabalhava em um açougue, foi preso em flagrante.

Suspeito aliciava vítima há dois anos.

Polícia Civil informou ainda que Eduardo da Silva Noronha, de 25 anos, estava há dois anos mantendo contato com a menina de 12 anos, após se conhecerem pela rede social TikTok. “Nós vimos, pela conversa, que ele passou dois anos aliciando a jovem através de um aplicativo que nós, muitas das vezes, deixamos nossos filhos à vontade. Então nós temos que ter um certo cuidado e vermos realmente o que nossas crianças estão fazendo no celular, no computador. Temos que redobrar a nossa atenção com nossos filhos para não cair em uma situação dessa aí”, alertou o delegado.

Eduardo deve responder por estupro de vulnerável, cárcere privado e sequestro.

Homem admitiu beijos

Em depoimento logo após ser preso, Eduardo da Silva confessou que beijou a menina “algumas vezes”, mas negou que manteve relações sexuais. Pela legislação brasileira, a prática de ato libidinoso com menor de 14 anos já configura estupro, independentemente de haver relação sexual. A investigação ainda apontará se houve ou não relação sexual.

“Em uma primeira conversa, ele confessa que beijou ela algumas vezes, então já se caracteriza o crime de estupro, que é um ato libidinoso que, mesmo que ela tivesse vontade de fazer, ela só tem 12 anos de idade. Pela lei, a vontade dela não se perfaz, razão pela qual ele também tem que ser autuado pelo estupro de vulnerável”, explicou o delegado.

Ainda segundo a polícia, a menina era tratada como se fosse “um brinquedo” para Eduardo, que a deixou sozinha e trancada dentro da casa onde ele morava. Por conta disso, ele também é investigado por sequestro e cárcere privado.

“A princípio, em tese, vislumbramos alguns crimes, como crime de sequestro. Ela só tem 12 anos de idade. Nós chegamos lá e ela estava sozinha dentro de casa, então tem o crime de cárcere privado; e também, em tese, o crime de estupro, já que ela só tem 12 anos de idade”, disse.

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