Vinte e duas pessoas foram presas suspeitas de envolvimento em um esquema de fraude corporativa contra um grupo empresarial no Piauí e outros dois estados, nesta quarta-feira (15), pela Polícia Civil do Piauí. Os prejuízos chegam à casa dos R$ 3 milhões, conforme a investigação. Os suspeitos foram presos no Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão. Uma pessoa ainda está sendo procurada.
Segundo a PCPI, a investigação começou em 2021 e revelou que funcionários de um grupo empresarial se uniram a fornecedores de peças e serviços de manutenção de veículo e formaram uma organização criminosa para desviar dinheiro.
Os criminosos tinham três formas de desviar o dinheiro:
- Cobrar sobrepreço nas mercadorias que vendiam para as empresas vítimas;
- Criar notas falsas de serviços que nunca existiram;
- Desviar peças do estoque das empresas vítimas.
As notas fraudulentas ou superfaturadas eram então encaminhadas para os funcionários envolvidos no esquema, que processavam no setor de pagamentos como se fossem legítimas, mas cientes da fraude.
Os participantes da organização criminosa eram três tipos de pessoas:
- Funcionários do grupo empresarial (engrenagem chave para o esquema);
- Proprietários de CNPJs que superfaturavam preços e emitiam notas frias;
- Proprietários de CNPJs que sequer existiam (empresas laranjas).
Ao todo, 25 empresas investigadas tiveram suas atividades suspensas, sendo que 10 delas existiam apenas no papel.
Segundo o delegado Anchieta Nery, as fraudes quase dobravam o gasto das empresas com a manutenção de veículos, por isso o esquema foi percebido e denunciado à Polícia Civil.
“Algumas dessas empresas tinham despesas mensais com esse setor em torno de R$ 150 mil, [mas] por conta das fraudes esse valor virava R$ 200 mil, R$ 250 mil”, comentou o delegado.
Os mandados de prisão temporária foram cumpridos em endereços residenciais e comerciais de Teresina (PI), Alto Longá (PI), Timon (MA) e Jucurutu (RN).
Segundo o delegado Matheus Zannata, o grupo de funcionários (agora ex-funcionários) vive em Teresina, além de alguns empresários que participaram do esquema. Os alvos no RN e no MA são empresários suspeitos de emitir notas fraudulentas.
Atividades suspensas e demissões
Empresas que teriam sido usadas para facilitar os crimes tiveram suas atividades suspensas, por decisão judicial, como oficinas mecânicas de pequeno e médio porte que participavam do esquema para dar legitimidade ao dinheiro desviado.
A Justiça do Piauí determinou ainda o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens das pessoas físicas e jurídicas investigadas, incluindo carros, para que o prejuízo causado à empresa vítima da fraude seja recuperado.
Investigações adicionais sugerem que esta organização criminosa pode ter lesado outras empresas, indicando um padrão de comportamento fraudulento que se estende além do caso inicialmente identificado.